DMT e IMUNOMODULAÇÃO
Neste artigo fantástico o cientista húngaro Attila Szabo explora as relações entre os psicodélicos e respostas imunológicas.
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Resumo do artigo:
Psicodélicos clássicos são substâncias psicoativas, os quais, para além da sua atividade psicofarmacológica, também têm mostrado exercer efeitos modulatórios significativos nas respostas imunológicas através da alteração das vias de sinalização envolvidos na inflamação, proliferação celular e sobrevivência celular através de ativação do NF-kB e proteínas quinases ativadas por mitógenos. Recentemente, vários receptores de neurotransmissores envolvidos na farmacologia de psicodélicos, tais como serotonina e receptores sigma-1, também têm mostrado desempenhar um papel crucial em muitos processos imunológicos. Este campo emergente também oferece modalidades de tratamento promissores na terapia de várias doenças, incluindo doenças auto-imune e condições inflamatórias crônicas, infecções e câncer. No entanto, a escassez de revisão da literatura disponível torna o tópico obscuro, principalmente colocando psicodélicos como drogas de abuso e não como moléculas fisiologicamente relevantes ou como possíveis agentes de farmacoterapias no futuro. Neste trabalho, o potencial imunomodulador de psicodélicos serotoninérgicos clássicos, incluindo N,N-Dimetiltriptamina (DMT), 5-metoxi-N, N-dimetiltriptamina (5-MeO-DMT), dietilamida do ácido lisérgico (LSD), 2,5- dimetoxi-4-iodoamphetamine, e 3,4-metilenodioxi-metanfetamina (MDMA) será discutida do ponto de vista da imunologia molecular e farmacologia. Será dada especial atenção para a interação funcional de serotonina e os receptores sigma-1 e sua comunicação com a sinalização mediada pelo receptor de reconhecimento de padrões toll-like e RIG-I-like. Além disso, novas abordagens viáveis serão sugeridas para o tratamento de doenças de etiologia inflamatória crônica e patologias tais como a aterosclerose, artrite reumatóide, esclerose múltipla, esquizofrenia, depressão e doença de Alzheimer.
Estágios Visuais da Viagem com DMT
Estágios Visuais da Viagem com DMT
Artigo original: Gracie & Zarkov's - Notes on the Visual Stage of a DMT Trip
Traduzido e adaptado: Equipe DMT Brasil
20-30 segundos: um zumbido nos ouvidos, subindo de tom e volume a uma intensidade incrível. É como papel celofane sendo rasgado, ou o tecido do universo se dilacerando. Seu corpo vibrará em sintonia com este som e um aumento nos batimentos cardíacos será percebido. Você pode sentir como se estivesse profundamente submergido em água. O seu campo visual também vibrará em ressonância com o som e será finalmente obscurecido pelas visões.
30-60 segundos: você rompe (breaktrough) para dentro do hiperespaço do DMT. Neste momento, muitos usuários têm a sensação de que morreram ou que seu coração parou de bater, mas isto não é verdade. Para um observador de fora, você está respirando normalmente e seus batimentos cardíacos, ainda que acelerados, são fortes. Acreditamos que esta sensação subjetiva é devido ao seu "relógio interno" estar sendo retardado tanto que o intervalo entre um batimento cardíaco e uma respiração parece uma eternidade. DMT sintético tem sido testado há décadas por autoridades médicas nos EUA e Europa. É perfeitamente seguro e sem efeitos físicos duradouros. Entretanto, desde que o DMT provoca um aumento súbito nos batimentos cardíacos ele pode não ser recomendado para pessoas que normalmente possuem a pressão alta.
01 - 05 min: dependendo da dosagem: hiperespaço DMT. Para todos os efeitos práticos, você não estará em seu corpo. Você estará fazendo parte da rede de informação intergaláctica. Você pode experimentar um ou mais dos seguintes efeitos:
- Senso de estar transcendendo o tempo e o espaço;
- Formas vegetais e semi-vegetais estranhas;
- O universo vibratório sem forma;
- Máquinas estranhas;
- Música alienígena;
- Línguas alienígenas, compreensíveis ou não;
- Entidades inteligentes em formas variadas.
Não fique espantado, e muito menos tente ativamente dirigir suas observações, apenas relaxe e perceba o que está sendo mostrado a você. As entidades podem lhe mostrar coisas incríveis, mas uma vez que você tenta impor sua vontade a viagem, você vai acabar percebendo que não consegue e poderá ficar assustado. Relaxe e confie.
Ao final do ápice das visões, você provavelmente terá uma visão maravilhosa de formas geométricas coloridas. Ele é descrito como olhar para um teto abobadado ou cúpula. Se você não rompeu tudo nos primeiros minutos é provável que toda sua viagem seja recheada com estas figuras geométricas, ou "padrão crisântemo" como é chamado. Vale a pena também.
Você poderá começar a imaginar como irá encontrar o caminho de volta para seu corpo. Se você tiver ingerido o suficiente para romper totalmente, quando começar a especular como voltar, isso já significa que está voltando. Confie em si próprio, seu corpo e sua psique irão ser reunidos novamente. Preocupação só vai alongar o processo e fazê-lo desviar a atenção da experiência.
05 - 12 min: as visões abrandaram. Os padrões ainda continuam quando você fecha os olhos, mas com eles abertos o mundo está de volta. Nesta fase é comum que uma enxurrada de informações preencha sua mente, como um download cósmico. Esta fase é passageira. A fim de preservar seus insights, algumas pessoas sugerem que você comece a falar assim que sair do estado visionário. Não tente frases completas, mas ponha para fora quantas idéias você conseguir. Prepare um gravador de voz previamente para você gravar suas idéias neste momento e escutá-las depois.
15 - 30 min: a enxurrada de idéias vai gradualmente desaparecendo deixando-o eufórico. Você pode ter ainda um traço das vibrações em seu corpo.
30 - 60 min: a euforia diminui.
60 min + : você está completamente de volta.
Nota: enquanto permanece uma recomendação prudente não misturar DMT com outros alucinógenos, algumas pessoas têm reportado excelentes resultados utilizando DMT antes de ingerir outros alucinógenos como LSD ou Cogumelos Psilocybe. A técnica é ingerir o segundo alucinógeno apenas quando os efeitos mais fortes do DMT tiverem abrandado, a viagem resultante será mais profunda e irá ajudá-lo a compreender as estranhas e exóticas visões que foram mostradas a você.
Dica: se a descrição dos efeitos do DMT soaram muito fortes para você, e nós certamente não negamos que o DMT produz uma experiência forte, você pode misturar 25mg de DMT com alguma erva e fumar lentamente num bong ou enrolado em papel. O efeito no humor é bastante agradável. Entretanto, antes de fumar todo o seu DMT nós recomendamos que você tente pelo menos uma vez uma viagem completa como descrito acima.
DMT - Linha do Tempo
Retirado de: Erowid DMT Time Line
Traduzido e adaptado: Equipe DMT Brasil
- Século 8: Sepultura no norte do Chile é encontrada com sacola contendo ferramentas para soprar rapé e restos de rapé. Depois de analisado constatou-se que continha N,N-DMT, 5-Meo-DMT e bufotenina. Em outros sítios arqueológicos foram encontrados sementes de Anadenanthera peregrina (planta da qual se faz o rapé Yopo).
- 1496: Frei Ramon Pane documenta o uso do rapé psicoativo cohoba/yopo entre os índios Taino que habitavam o Haiti e a República Dominicana. É um consenso entre os atuais pesquisadores que o rapé cohoba/yopo é feito das sementes da Anadenanthera peregrina, que contém N,N-DMT, 5-Meo-DMT e bufotenina.
- 1560: Índios ao longo do rio Guaviare tomam rapé de yopo com tabaco.
- Século 16-19: Cohoba e Yopo são utilizados pelos indígenas da Colômbia e imediações.
- 1571: Xamã inca faz profecias através da inebriação causada por uma bebida chamada vilca que contém DMT, preparada através da Anadenanthera colubrina.
- 1741: Jesuíta escreve sobre o uso de cohoba entre os nativos da Colômbia e Venezuela.
- 1801: Barão Alexander Humbolt identifica a árvore do yopo como sendo Anadenanthera peregrina.
- 1931: DMT é sintetizado pela primeira vez pelo químico britânica Richards Manske e chamada de 'nigerina'.
- 1939: O gênero Virola é identificada como a fonte do rapé epena/paricá utilizado na bacia amazônica (Colômbia, Venezuela e Brasil).
- 1955: N,N-DMT é identificado pela primeira vez como o ingrediente do rapé cohoba preparado a partir das sementes de Anadenanthera peregrina. Isto marca a primeira vez que o N,N-DMT foi descoberto naturalmente ocorrendo numa planta ou animal. Os autores especulam que é psicoativo.
- 1956: Primeira publicação científica relatando os efeitos psicoativos do N,N-DMT pelo cientista húngaro Stephen Szára.
- 1968: O Escritório para o Controle do Abuso de Drogas dos Estados Unidos reporta que o DMT está disponível nas ruas, tanto na forma de pó como impregnado na marijuana ou chá.
- 1971: N,N-DMT se torna ilegal nos EUA com a passagem da Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971.
- 1990: O psiquiatra norte-americano Rick Strassman, da Universidade do Novo México, conduz a primeira pesquisa com sujeitos humanos experimentando os efeitos do N,N-DMT. Seus resultados são publicados no livro DMT - A Molécula do Espírito.
- 1995-2015: Os efeitos do N,N-DMT através dos extratos obtidos da casca da raiz da Jurema-Preta (Mimosa hostillis) e do rapé yopo são experimentados por centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo.
- 2010: O filme "DMT - A Molécula do Espírito" é lançado nos Estados Unidos.
- 2015: A busca com a palavra-chave "dimethyltryptamine" no indexador de periódicos Science Direct retorna com 2.321 resultados.
Índios da bacia amazônica aplicando rapé de Yopo (A. peregrina) |
Referências:
(1) Jonathan Ott. (2001) Shamanic Snuffs or Entheogenic Errhines. Entheobotanica.
(2) Stephen Szára (1956) “Dimethyltryptamin: Its Metabolism in Man the Relation of its Psychotic Effect to the Serotonin Metabolism”. Experientia. November;12(11):441-2.
(3) Rick Strassman (2001) DMT: the spirit molecule : a doctor's revolutionary research into the biologyof near-death and mystical experiences. Park Street Press. Rochester, Vermont.
(4) Rick Strassman (1996) Human psychopharmacology of N,N-Dimethyltryptamine. Behavioural Brain Research 73 (1996) 121-124
DMT - Entre a Vida e a Morte
Retirado gentilmente do site Plantando Consciência: http://plantandoconsciencia.org/novoblog/2015/06/15/dmt-vida-morte/
Por Eduardo Schenberg
De todos os psicodélicos, a DMT é provavelmente a mais intrigante. Presente em centenas de espécies vivas como parte natural de seu metabolismo, faz parte também do metabolismo humano. Mas o que esta DMT endógena faz, porque evoluímos capazes de sintetizar e utilizar DMT permanece completamente misterioso e desconhecido para a ciência.
Em busca de mais conhecimento sobre este mistério, os cientistas Húngaros Ede Frecska e Áttila Szabó elaboraram uma teoria elegante e promissora. A primeira peça foi encontrada ao estudar a enzima (proteína que interage no metabolismo de outras moléculas) responsável pela formação da DMT em nossos corpos, a INMT. Ela foi encontrada em pulmão de coelhos em 1961 por Julius Axelrod, que em 1970 ganharia o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por seus estudos sobre a neurotransmissão. Se é nos pulmões que encontra-se a maior quantidade de INMT em todo o corpo, a segunda peça do quebra cabeças são os pulmões (ao invés da glândula pineal, como proposto por outros cientistas como Rick Strassman).Os pulmões, além de conter grande quantidade da enzima INMT, contém uma proteína qua a inibe. Ou seja, estão prontos para sintetizar DMT, mas o gatilho não pode ser puxado. A não ser que esta inibição seja de alguma forma removida em algum momento. E se for removida, a síntese de DMT seria rápida e intensa. A terceira peça fundamental da teoria é o fato de que o sangue contém enzimas que podem metabolizar compostos parecidos com a DMT (“quebrá-los” em moléculas menores sem as mesmas propriedades fisiológicas). Entretanto, a enzima que faz isso, chamada monoamino-oxidase (MAO) existe em dois tipos, sendo que a forma presente no sangue não metaboliza a DMT. Ou seja, ela pode viajar intacta pelas artérias percorrendo todo o trajeto desde os pulmões até o cérebro (e para todo o corpo também, mas primeiramente ao cérebro, dada a anatomia das chamadas pequena e grande circulação). Assim, os pulmões são um grande reservatório secreto de DMT. Possuem todas as capacidades necessárias para rapidamente sintetizar DMT em grandes quantidades e liberá-la na corrente sanguínea, potencialmente inundando o cérebro com quantidades consideráveis de DMT em poucos segundos se, e apenas se, a inibição da INMT for cancelada. Mas ainda restam mais peças para completar a teoria. Pois o cérebro é um órgão delicado e muito bem protegido. Existe uma espécie de filtro (a barreira hematoencefálica) que barra a penetração de uma infinidade de substâncias, protegendo o delicado sistema nervoso de visitantes indesejados. Mas há algumas coisas que passam esta barreira lentamente (como é o caso de drogas psicoativas, alguns nutirentes e muitas toxinas também). E há também alguns raros casos em que o corpo investe energia para que certas moléculas entrem rapidamente no cérebro, como por exemplo a glicose, fonte fundamental de energia para as células cerebrais. Espantosamente, foi demonstrado recentemente, em uma série de estudos fascinantes, que o corpo investe energia para transportar DMT para dentro do cérebro.
Aqui vale a pausa pra respirar fundo. A importância deste fator é imensa. O corpo só investe energia em transportar para o cérebro aquilo que é absolutamente essencial. Se o corpo investe energia para levar DMT ao cérebro, ela só pode ser preciosa, muito preciosa.
E tem mais. A quinta e última peça da elegante teoria Húngara é que além de ter passaporte VIP para o cérebro, a DMT também é preciosa para os neurônios, que investem mais energia para internalizá-la. Dentro das células, a DMT pode se ligar em um receptor chamado Sigma-1, que fica localizado próximo das mitocôndrias, que são o pulmão celular, a central enrgética e respiratória de todas as células (este receptor e suas relações com as mitocôndrias também são chave paraminha própria teoria sobre ayahuasca no tratamento do câncer).
Ou seja, segundo a teoria de Ede e Áttila, a DMT é uma mensagem química dos órgãos pulmonares (os pulmões) para as organelas pulmonares (as mitocôndrias). Uma espécie de elo fractal entre a respiração macro e micro. Quando então que essa mensagem seria entregue? Por qual razão especial deveria o corpo investir energia em liberar DMT e por qual razão especial o cérebro teria evoluído com estes sofisticados mecanismos para captar e utilizar DMT?
Dada a literatura já bem conhecida sobre DMT, experiências espirituais, experiências psicodélicas e viagens de quase-morte e experiências fora do corpo, os cientistas Húngaros, seguindo os passos do também Húngaro Stephen Szára, pioneiro em descobrir a psicoatividade da DMT nos anos 50, e os passos de Rick Strassman, pioneiro no estudo da DMT e fenômenos espirituais, lançaram a hipótese de que o papel fundamental da DMT é resgatar o cérebro da hipóxia na hora da morte.
Quando entramos em morte clínica (um processo de cerca de 5 minutos) em que as funções do coração e do corpo entram em colapso, o cérebro entra num estado de hipóxia: falta de oxigênio. E as células cerebrais são muito pouco resistentes a este estado, ficam enfermas e morrem rapidamente. Um mecanismo de sobrevivência e proteção cerebral seria então enviar DMT para as mitocôndrias para auxiliá-las em sua função na diminuição do aporte de oxigênio que ocorre durante o processo de morte clínica. E seria a própria falência das funções centrais, como os batimentos cardíacos, o sinal para liberar a produção de DMT nos pulmões.
Ou seja, com o início do processo de morte clínica, a inibição da INMT pulmonar seria cancelada, os pulmões sintetizariam, em frações de segundos, enormes quantidades de DMT, que em mais algumas frações de segundos chegaria para resgatar as células neurais da hipóxia, fornecendo chance de sobrevivência para o organismo. Um elegante e sofisticado mecanismo de sobrevivência!
Para começar a investigar a questão experimentalmente, os Húngaros lançaram uma campanha de arrecadação coletiva na internet para juntar 30 mil dólares para testar os efeitos da DMT em neurônios cultivados em laboratório, com esperanças de no futuro moverem-se em direção a testes com seres humanos em UTIs e sistemas de resgate e emergência em acidentes.
Não apenas uma pérola da ciência psicodélica, mas talvez um grande avanço na medicina intensiva que pode vir a salvar milhões de vidas (e almas) em um futuro próximo.
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